Às vésperas da Conferência do Clima em Belém, o Centro USPproClima e a Superintendência de Gestão Ambiental da USP (SGA), promoveram uma série de debates sobre temas centrais do encontro global. O evento, realizado nos dias 6 e 7 de novembro no Centro de Difusão Internacional, reuniu mais de 360 participantes.
Ao longo de nove painéis, representantes do setor público e privado, da sociedade civil e da academia discutiram experiências, desafios e perspectivas que antecedem o megaevento da ONU.
A abertura foi conduzida por Patrícia Iglecias, coordenadora do Centro e idealizadora do encontro, que introduziu o debate sobre mudanças climáticas e mediou a conversa entre os convidados.
Os painelistas compartilharam visões baseadas em suas diferentes áreas de atuação, reforçando a importância da integração entre distintos setores frente às mudanças climáticas. A secretária de Meio Ambiente, Natália Resende, destacou o papel do diálogo para avançar no desenvolvimento sustentável: “Essa integração é essencial para superar os desafios que a gente tem em relação às mudanças climáticas (…) e entender a oportunidade que nós estamos passando agora. É agora que temos que tomar ações”, afirmou.
Em seguida, o professor e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer abordou a relação entre diplomacia internacional e desenvolvimento sustentável. Como organizador da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), Lafer enfatizou a relevância do Brasil na agenda global e defendeu a conciliação entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
Responsabilidade corporativa e Mata Atlântica em foco
A segunda mesa trouxe para o debate a Responsabilidade Corporativa (ESG), conceito que refere-se às ações que um negócio pode adotar para minimizar os seus impactos no meio ambiente. Com a mediação de Tamara Gomes, integrante do comitê gestor do Centro, lembrou em sua abertura como esses temas aparecem de forma conjunta no cotidiano das corporações: “(…) o uso dos recursos naturais, as emissões e os resíduos estão muito presentes no ciclo produtivo das empresas”, afirma. A partir disso, os convidados destrincharam a conversa acerca do tema, sobretudo, no que diz respeito às relações entre estas instituições e a sociedade.
Na discussão sobre Mata Atlântica, mediada por Fernanda Brando, também membro do comitê gestor do USPproClima, a pergunta que encerrou a mesa tratou do que o Brasil pode levar à COP30 sobre o bioma diante da crise climática e de biodiversidade. Luis Fernando, diretor executivo da SOS Mata Atlântica, destacou o papel da restauração e resumiu o potencial existente ao afirmar que a Mata Atlântica pode ser “um embrião de uma solução global que compatibiliza várias agendas muito rapidamente”.
Centros de pesquisa e expectativas para a COP30
Mais adiante, o reitor da Universidade de São Paulo, Carlos Gilberto Carlotti, expressou sua satisfação em sediar discussões desse porte, reafirmando o compromisso da USP como a quinta universidade mais sustentável do mundo.
No painel sobre as expectativas dos centros de pesquisa, Patrícia Iglecias comentou o trabalho desenvolvido pelo Centro e o papel da universidade nos temas de clima e sustentabilidade. Ela citou as áreas de pesquisa em andamento e reforçou a importância do conhecimento científico nesse processo: “a pesquisa tem um papel fundamental, e o USP Pró-Clima foi criado para trabalhar os temas de clima e sustentabilidade”, explicou a coordenadora.
Transição energética na USP, desafios urbanos e Hackaton São Paulo pelo Clima
O segundo dia reuniu pesquisadores de diferentes unidades da USP para apresentar os avanços e desafios da universidade na área de transição energética. As discussões mostraram como as diferentes áreas trabalham juntas para mudar a infraestrutura de consumo no campus. Além dos resultados já observados, os participantes ressaltaram as demandas que exigem mais atenção e investimentos.
A programação também trouxe reflexões sobre a cidade de São Paulo. Gestores públicos, especialistas e representantes do setor privado analisaram as vulnerabilidades diante de eventos extremos e os caminhos possíveis para o alinhar planejamento e execução das políticas de adaptação para enfrentar os impactos do clima.
Após o brunch de integração entre painelistas e participantes, a tarde foi dedicada ao Hackaton São Paulo pelo Clima, iniciativa da SECLIMA que mobilizou estudantes na criação de soluções inovadoras para os desafios climáticos da cidade. Entre os trabalhos inscritos, o destaque foi do projeto “Cultiva”. Desenvolvido por estudantes de Ciências Econômicas da UNICAMP, ganhador da edição de 2025.
Com a premiação, o Centro USPproClima fechou dois dias de debate que reuniram acadêmia, governo e sociedade civil em torno dos temas centrais que antecedem a COP30 e que devem orientar a agenda climática nos próximos anos.
Por Isabella Megara.


